Relato de Visita Técnica ao Assentamento Evandro Francisco – Inácio Martins (PR)

No dia 06 de abril de 2025, integrantes do projeto "Transformação Digital e Ecossociodesenvolvimento: Agroecologia, Inovação Social e Capacitação Sociotécnica para a Sustentabilidade Econômica da Agricultura Familiar", vinculado ao Programa Universidade Sem Fronteiras, realizaram uma visita técnica ao Assentamento Federal Evandro Francisco, situado no município de Inácio Martins, Paraná, cujo objetivo principal foi apresentar as diretrizes e ações do projeto à comunidade local, notadamente quanto à certificação agroecológica, ao fortalecimento da organização social e à capacitação sociotécnica e produtiva.
A visita ocorreu durante uma reunião organizada pela Associação de Agricultores Bom Jesus, entidade representativa dos moradores do assentamento. Estiveram presentes agricultores de dois núcleos que compõem o assentamento — Maçã e Fazenda Velha. O encontro constituiu-se em um espaço de diálogo e escuta ativa.
Criado oficialmente pelo INCRA em 18 de novembro de 1999, o assentamento Evandro Francisco teve sua ocupação inicial em 1996, quando cerca de 20 famílias oriundas de diversas trajetórias — incluindo trabalhadores da extinta empresa Maderit e dissidentes de outros assentamentos — passaram a habitar a área.
Composto por 77 lotes distribuídos em aproximadamente 1.742 hectares, o assentamento enfrentou, desde sua origem, desafios estruturais como a ausência de infraestrutura básica, escassez de apoio técnico e conflitos internos que fragilizaram a coesão comunitária. Ainda existem demandas, conforme relato dos agricultores, principalmente quanto ao escoamento dos produtos e incentivos públicos para a produção e venda.
Durante a reunião, foram apresentados os eixos estratégicos do projeto, que incluem:
- o estímulo à transição agroecológica mediante práticas sustentáveis e metodologias participativas;
- o incentivo à certificação participativa agroecológica, por meio de Sistemas Participativos de Garantia (SPG);
- a valorização dos saberes tradicionais e da biodiversidade local;
- e a promoção do uso de tecnologias digitais para o fortalecimento das cadeias produtivas e a articulação em redes colaborativas.
Os agricultores manifestaram interesse em participar das atividades do projeto, especialmente nas ações voltadas à certificação da erva-mate e mel, reconhecidas como alternativas viáveis de geração de renda, conservação ambiental e valorização da identidade rural. Ressaltaram ainda a relevância de iniciativas que promovam a sustentabilidade econômica, a preservação ambiental e a inovação social, em um contexto marcado pela ausência de políticas públicas estruturantes e pela pressão econômica exercida pelo modelo hegemônico de produção agrícola.
A visita constituiu, portanto, um marco significativo na relação entre universidade e comunidade rural, reafirmando o papel dos projetos extensionistas na construção de estratégias de geração de renda, baseadas na justiça social, na agroecologia e no protagonismo dos agricultores assentados.